"Não sou do time que torce contra um governo, independentemente do partido. Acredito na política porque ela é um instrumento de mudança, um meio para melhorar o mundo.
É possível que você, como a maior parte das pessoas, veja os políticos com maus olhos. E há vários motivos pra pensar assim - eu mesma já me decepcionei. Desde os tempos do colégio, ficava indignada com a poluição, a destruição dos recursos naturais, a miséria. Achava que entrar para administração pública seria um jeito de contribuir para que essa realidade fosse diferente. Como ainda vivíamos na época da ditadura, logo concluí que não iria adiantar, pois tudo era proibido. Mas não desacreditei não. Procurei fazer o que estava ao meu alcance: passei a colaborar com ONG´s, tempos depois trabalhei na tevê e tive oportunidade de falar sobre temas de interesse social para uma audiência de 40 mil pessoas. No entanto, me frustrei novamente. Imagine só você se engajar em projetos de conscientização sobre a separação do alumínio, papel... e não ter ninguém para coletar o material. Voltei à idéia original e me candidatei a vereadora. Embora vez ou outra bata aquela sensação de que não vou dar conta, tenho um lema:
desânimo nunca dese ser sinônimo de desistência. Além do quê, não dá para ficar esperando os outros resolverem- é mais gostoso se descobrir capaz de agir.
Aqui entra aquela história de fazer o que está ao seu alcance. E para isso não preciso disputar as próximas eleições ou virar militante. Se quer ajudar, pode começar na sua casa, na sua família, com os seus vizinhos. Digamos que seu desejo seja melhorar a educação do país. Talvez haja funcionários no seu condomínio que nem sequer completaram o 1primeiro grau. Para esclarecê-los, valeria organizar um grupo, fazer reuniões no salão do prédio e debater assuntos como mensalão, desarmamento. Não vai resolver todos os problemas deles, mas, por mais banal que pareça, fará uma diferença enorme na vida dessas pessoas. Olha, nosso poder de mudança é tão grande; No entanto, não sabemos, ou não queremos usá-lo.
Quem perde com essa descrença na política é a população, que chega a querer ver o barco afundar só para provar que o governo é incompetente. Ou então se recusa a colaborar. Um caso típico é o trãnsito. O sujeito passa em sinal vermelho, dirige falando ao celular, e queno é penalizado, reclama da indústria da multa. Lógico que há multas injustas - eu já recorri de algumas - , mas esse é um instrumento de segurança, e não de violência do estado contra o cidadão. Outro caso foi o referendo. Muitos consideraram perda de tempo, mas, se o governo baixasse um decreto ou elaborasse uma lei, não teria tanto debate. Isso é democracia, e eu acredito nela. Você pode discordar, por causa dos políticos desonestos. Mas, se desconfia de tudo o que as autoridades fazem, acha que todos vão roubar, ignora os bons exemplos e desiste de fazer a sua parte, aí é que o resultado não aparece mesmo.
O melhor antídoto contra o veneno do pessimismo é conhecer os dois lados, se informar. Entrar no site da prefeitura, de uma ONG e ver os projetos em andamento pode fazer com que pare de ver só buraco na rua e enxergue a árvore brotando. Quem sabe você passa a crer, como eu, em um futuro melhor ? "
Sonia Francine Marmo
Vereadora de São Paulo
Revista Nova - Novembro
Enviado por Mônica Araripe
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terça-feira, 14 de outubro de 2008
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